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PICS no sistema prisional é um SUS mais humano


​As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde atuam sobre um campo muito amplo de territórios, transpassando muros, paredes e isolamentos. São ações que levam qualidade de vida, cuidado e atenção a todos os seres humanos. Como os são as pessoas privadas de liberdade.

Nesta quarta feira, dia 10 de outubro, acontece o I Fórum de Saúde Prisional em Interface com as Práticas Integrativas em Saúde, em Natal, no Rio Grande do Norte. É uma área, de certo modo, nova para as PICS e, partindo do pressuposto de que a saúde é um direito universal, o oferecimento de outras possibilidades terapêuticas a esta população encarcerada tende a se firmar. Tanto pelo seu caráter integral, quanto pelos resultados obtidos, como mostram a experiências já em curso.

A organização

Lêda Hansen, referência técnica das PICs na Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Norte (SESAP) e componente comissão organizadora, diz que o Fórum nasceu de inquietações sobre a saúde. “Não temos respostas, mas precisamos abrir a cabeça para questões como: o que estamos fazendo com os seres humanos?”, reflete Lêda.

A SESAP apresentou metas para as áreas técnicas e, desse diálogo que também contou com a participação da área técnica da Saúde Prisional do Rio Grande do Norte e do professor Oswaldo Negrão, da UFRN, nasceu o Fórum. “A gente está provocando mesmo essa articulação com as demais áreas técnicas da Secretaria, porque as PICS são transversais a todas as áreas. Aí é muito desafiador quebrar estas caixinhas, desfragmentar o trabalho. Mas está sendo bem interessante”, continuou Hansen.

Oswaldo Negrão, professor do Departamento de Saúde Coletiva da UFRN, vice coordenador do Laboratório de Práticas Integrativas (LAPICS), comanda um projeto de extensão que trabalha com a saúde das mulheres privadas de liberdade, no sistema penitenciário do Rio Grande do Norte, e é um dos organizadores do evento. “Conversando com a equipe da SESAP, a gente pensou em uma estratégia em que pudéssemos trabalhar na forma de um fórum essas iniciativas que estamos tendo tanto aqui, quanto as experiências na Paraíba, lá em Campina Grande, através da UFCG e também em Recife, através da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco. É o primeiro Fórum de Saúde prisional em interface com as PICS”, afirmou o professor.

“A parceria da UFRN com a SESAP tem o objetivo de promover o diálogo entre os atores que compõem o sistema prisional em nível estadual e apresentar as possibilidades inovadoras do cuidado e da promoção em saúde a pessoas que estão em situação de privação de liberdade”, completou.

Para a coordenadora da área técnica da Saúde Prisional do estado, Gorete Menezes, também da comissão organizadora, a ideia de trabalharem as PICS no sistema prisional foi ótima. “As PICS podem estar sendo introduzidas com esse olhar mais brando da saúde, para aliviar os sofrimentos destas pessoas que, por mais que tenham cometidos crimes, que tenham sido condenadas e que estejam pagando as penas, não podem ser isoladas de qualquer maneira, em locais insalubres. Que tenham o mínimo de dignidade humana para pagarem suas penas”, ponderou a coordenadora.

Experiências

Na programação do evento, três experiências de PICS no sistema presidiário nordestino foram escolhidas para serem debatidas em mesas: uma de Campina grande-PB, outra de Natal-RN e outra de [Pernambuco].

A experiência de Pernambuco, por exemplo, desenvolvida em equipe por Maria Francisca S. de Carvalho e Silvana Monteiro, levou a auriculoterapia para dentro do sistema prisional da região metropolitana de Recife e a shantala ao presídio feminino Bom Pastor. “A gente conseguiu fazer um curso de auriculoterapia e shantala com estes profissionais de saúde (...) que, na grande maioria, não trabalham só lá. Abri um pouco o horizonte desses profissionais que não sabiam quase nada das PICS e os capacitamos”, conta Silvana.

A capacitação teve o apoio de uma escola de auriculoterapia e o incentivo da superintendência da Atenção Básica do estado, muito sensível às causas das PICS, segundo Silvana. A gestora da saúde no sistema prisional também se convenceu e aceitou. Assim, conseguiram finalizar o curso com uma turma de profissionais de saúde.

Silvana também disse que em cerca de três meses os resultados apareceram. “A médica que trabalha no presídio perguntou o que a enfermeira capacitada em PICS estava fazendo, pois havia diminuído a procura de antiespasmódicos por aquelas mães”, contou entusiasmada.

A realidade do presídio Bom Pastor, no que tange às detentas que estão grávidas, é até um pouco mais dura, já que elas ficam em um local mais isolado, disse Silvana. “Esse local geralmente é de muitas brigas, porque naquela cela ficam várias crianças: quando uma começa a chorar por cólica ou outro motivo, as demais acordam e brigas que vão além do bate boca acontecem com frequência. A enfermeira sensibilizada com as PICS teve essa ideia de conversar com as detentas sobre a shantala e passou fazer a shantala com elas”, completou.

Já no Rio Grande do Norte e na Paraíba, os professores Oswaldo Negrão (UFRN) e Valquíria Nogueira (UFCG) realizam experiências em Práticas Integrativas e Complementares Grupais, a exemplo das danças circulares, terapia comunitária, tenda do conto entre outras. Estas abordagens grupais têm contribuído para o processo de ressignificação das experiências do encarceramento e para a promoção da construção de redes de apoio social entre as mulheres privadas de liberdade.

Programação

08h30 - Credenciamento

09h00 - Mesa de Abertura

09h15 - Políticas de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde – Lêda Hansen (SESAP/RN)

09h25 - Política de Saúde Prisional – Gorete Menezes (SESAP/RN)

Experiências de trabalho das Equipes de Saúde Prisional/RN:

Mossoró – Representante da Secretaria Municipal de Saúde

Nísia Floresta – representante da Secretaria Municipal de Saúde

Parnamirim – Betisa Mª A. Barroso (SMS/Parnamirim);

10h15 - Experiências de trabalho junto à população Carcerária:

Campina Grande/PB – Valquíria Nogueira (UFCG)

Natal/RN – Oswaldo Negão (UFRN)

Estado de Pernambuco – Mª Francisca S. de Carvalho e

Silvana Monteiro (SES/PE)

Almoço

14h00 - Oficinas Vivenciais (acontecerão simultaneamente no Depto. de Saúde Coletiva/UFRN)

Oficina 1- Oficina de Práticas integrativas e complementares grupais – Valquíria Nogueira e Oswaldo Negrão

Oficina 2 – Meditação – Kliger Rocha e Kelly Rocha

16h às 17h00 - Debate final e encaminhamentos.

Contatos do evento

forumsaudeprisional2018@gmail.com


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